Hoje eu tenho uma missão bem
maneira e “perigosa” para fazer, pois como foi a minha primeira experiência
sobre o assunto que trarei a seguir, posso receber críticas.
Sempre ouvi falar de
Albergues/Hostels, mas só o que vejo na TV. Confesso que tive curiosidades em
conhecer a “vibe” de como é dividir quartos com galera do mundo todo, porém
tudo fica mais claro quando a gente passa de telespectador a ator da peça.
Tive oportunidade de me
hospedar recentemente no Way2Go! Hostel em Floripa – SC, e como
dizem por ai, “a primeira vez é sempre inesquecível”. E foi!
Não sei dizer se foi sorte ou
se foi à competência da administradora por cuidar tão bem daquele casarão em
que me senti em casa.
Fiz uma entrevista breve com Roberta Bolzani e achei digno de
dividir com vocês a minha experiência, a dela, e aproveitar para deixar um
convite a todos Introspectors!
Conta para gente Roberta, há quanto tempo existe este Hostel?
Roberta: O Way2Go foi fundado no dia 11 de fevereiro de 2010. Há
três anos e meio praticamente.
E como foi criar este espaço?
Roberta: Foi bacana. Na verdade foi tudo muito rápido. Meu irmão
comprou a casa no final de janeiro e nós tínhamos duas semanas para iniciarmos e ainda
queríamos aproveitar aquele verão porque era a semana de carnaval, então a
gente queria estar aberto na sexta-feira de carnaval para ver se conseguíamos um pessoal bacana, e aproveitamos esse público que não tinha
reserva, que aparece do nada, então fizemos um precinho bacana
para o pessoal que achávamos pelas ruas para eles ficarem, e foram assim
nossos primeiros hóspedes.
E antes de administrar o Hostel, em que você trabalhava?
Roberta: Eu trabalhava no financeiro de uma empresa de engenharia
há muitos anos atrás. Foi meu ultimo emprego aqui no Brasil. E não tinha nada a
ver comigo, obviamente, ficar trancada num escritório com números e afins. Não
era para mim. Então eu fui tentar a vida em Londres, e como eu não tinha um
inglês muito bom, meu primeiro emprego foi como camareira. E foi ai que tudo
começou. Eu comecei de baixo e fiz de tudo. Esse foi meu primeiro contato com
hotelaria. Descobri minha paixão: receber pessoas.
Conta para nós como é a concorrência aqui? Por que assim, eu gostei
muito de cara, até falei para você. Vou trazer gente aqui, vou indicar, porque
esse seu jeito descolado de interagir com a galera faz com que a gente se sinta
em casa e queira voltar sempre. Isso é um plus!
Roberta: Ah obrigada! Rs. Mas então, a concorrência tem crescido e
muito. Quando abrimos em fevereiro de 2010, existiam sete antes da gente, e
agora acho que são mais de quarenta. Assim, eu acho que diminui um pouco para
nós, mas meu público sempre volta. 98% das pessoas que estiveram aqui e
retornam a Florianópolis voltam para cá, então o difícil para mim é conquistar
quem está vindo, é quem ainda não veio, é que não conhece o Way2go!, porque
você fica perdido numa lista imensa de opções e você não sabe o que escolher às
vezes. Eu vejo pessoas que estão abrindo Hostels em casas velhas, colocando um
monte de cama lá dentro e fazendo a 10, 15 reais, dizendo que é Hostel. E isso
me prejudica no sentido de que se você nunca foi a um Hostel, você tem uma péssima primeira experiência, e você fica lá, você não vai querer ficar mais
em Albergues, porque vai achar que aquilo ali é um Hostel, mas não é. Contudo, aqueles
que estão abrindo com qualidade, pagando funcionários, impostos, tudo certinho,
eles vão fazer as coisas bem feitinhas e vão conquistar as pessoas. Então se
você vai para um Hostel legal e na próxima vez que vier não houver vaga lá,
você vai procurar um outro Hostel , mas se você já odiou o primeiro, você não
vai querer mais ficar em Albergues, e isso me preocupa. Se eu pudesse fechar Hostels,
eu fecharia aqueles que estão denegrindo a imagem da nossa classe, pois
atrapalha quem quer trabalhar com qualidade. A gente quer oferecer o mesmo que
um hotel oferece, a diferença é que você divide quarto e paga menos por isso, e
você tem praticamente todos os mesmos serviços. A gente consegue vender
passagens, ter serviços de limpeza, servir um café da manha gostoso. Nossa casa
está reformada, com colchões novinhos, estamos reinvestindo nas camas, enfim,
todo ano a gente faz um reinvestimento, uma pintura, limpeza é tudo!! Além do
mais, há o quesito segurança, do qual muitos se esquecem. Todo Hostel deve ter
alvará da vigilância sanitária, e alvará de bombeiros. Estamos regulares e
temos todas as certificações. Nós genuinamente nos preocupamos não só com o
bem-estar, mas também com a segurança daqueles que recebemos.
É por isso que as pessoas voltam!
Roberta: Exatamente. Porque Hostel é um meio de hospedagem simples
e barato, mas com qualidade!!! Por isso que fico chateada com as pessoas que
não trabalham direito, porque eu perco um hospede em potencial. Porque ele se
hospeda em um lugar sujo, onde não há um serviço de recepção ou de atendimento
decente. Ele fica jogado em uma casa enorme com mais de 500 pessoas sem nem ter
o banheiro limpo. Ele nunca mais se hospedará em outro Hostel se aquela for sua
primeira experiência.
Traumatiza, é verdade. Rs.
Roberta: Sim! Rs.
Você comentou que pensa em expandir os negócios. Conta para nós sobre a
ideia da franquia.
Roberta: Assim, a gente teve muita sorte quando abrimos, mas não é
fácil. E como a gente já está no mercado há algum tempo e entendemos mais ou
menos o quê que o hospede quer, inclusive, no primeiro ano eu perguntava muito
para as pessoas o que elas estavam achando, o que elas queriam. É claro que
nunca vamos conseguir agradar todo mundo, mas a gente entende mais ou menos o
que eles procuram, e é isso que queremos oferecer. Às vezes uma pessoa paga cinco
reais a mais para ter um lençol como o nosso, que é um percal 180, 200, que
está limpinho, cheiroso, está passado, bonitinho, enfim, é um conforto por um
pouco mais, e tem gente que paga mais barato mas não tem esse conforto, não tem
café da manha, então a gente meio que aprendeu a fazer isso e queremos agora
ajudar aos outros que querem abrir o seu próprio negocio.
E eles levariam o mesmo nome?
Roberta: Sim, levariam. E a gente vai dar todo o auxilio de
marketing, o site seria junto com o nosso, as reservas são feitas pela central,
a gente só encaminharia, quero dizer, a gente tem toda uma facilidade.
Treinaríamos os funcionários, até mesmo o gerente, tudo no padrão Way2Go. Não
queremos que usem só o uniforme. Seria uma qualidade padrão.
Uma curiosidade minha. Como você seleciona as pessoas que ficarão
hospedadas aqui? Por que você pega os pedidos pelo site e você não sabe o
perfil das pessoas. Pelo menos no meu quarto ali, eu fui abençoada com meninas
de boa. A dona Carmen, a Laís, todas bem tranquilas. Parece que você tem um
sexto sentido assim, sabe...
Roberta: Meu segredo é a Energia das pessoas! Ela funciona muito
sabe e acho que as pessoas são encaminhadas para aonde elas devem ir. (Ilha da Magia, eu te amo). Eu acredito muito nisso. Quando é um
Walk-in, pessoas que chegam aqui no balcão, se eu vejo que ela está com más
intenções, eu digo que não tem vaga ou eu coloco um preço bem mais alto, porque
eu não quero esse tipo de pessoa aqui. Eu trabalho por amor, e acho importante
que as pessoas se sintam em casa, e eu sigo aquele pensamento de: se eu não
dividiria o quarto com esta pessoa, eu também não quero que meus hospedes o
façam. Não é a diária dela que vai me fazer mais rica ou mais pobre, eu prefiro
que vocês (hóspedes) estejam bem, do que aceitar perfis assim. Por isso que
depois das 23hrs se você não tem reserva, você não se hospeda. A não ser que
você tenha reserva. Não há check-in após as 23hrs.
Quais são os desafios em administrar um Hostel?
Roberta: O desafio maior é tentar agradar o máximo de pessoas sendo
que elas vêm de todo lugar do mundo e estão acostumadas com coisas muito
diferentes. Às vezes você acha que vai agradar um, mas vai desagradar outro, é
cultural, é gosto pessoal, cada um tem sua abordagem. Às vezes brinco com
algumas pessoas, e tem outras pessoas que vão te olhar, tipo, “não gostei”, dai
você tem que dar dois passinhos para trás sabe. Então o difícil é tentar
agradar essas pessoas sem conhecê-las.
Para finalizar, deixe algum recado extra para que as pessoas possam
conhecer melhor esse seu jeito “Way2Go!”
lindo de ser.
Roberta: Olha, o pessoal deveria saber que Hostel não essa coisa do
governo para desabrigados, tem muita gente que ainda chega com essa visão sabe.
Way2Go! é uma casa que você esta alugando com amigos que você
ainda não fez. A impressão é esta. Sabe quando você está numa viagem e
aluga uma casa de férias? É isso que queremos. Que você venha para cá para
fazer amigos surpresa porque é geralmente o que acontece. No final da semana,
todo mundo já trocou facebook, trocou e-mails, e está todo mundo se encontrando
em outros lugares.
É verdade. Fizemos isso lá no quarto em que estou.
Roberta: Pois é. É isso que queremos. Nunca tive problemas com
roubo. Em quase quatro anos de funcionamento, tenho muito orgulho em dizer que
NUNCA, ninguém teve nada furtado aqui. A galera é muito legal. Minha bolsa fica
aqui, aberta, justamente por conta dessa seleção que eu faço. Claro que já
encontrei alguns tropeços, mas o número de pessoas boas é bem maior. Então fica
meu convite. Conheça um Hostel, mas que seja de qualidade viu? E se estiver na
Ilha da Magia, venha hospedar-se conosco. Em nome da família Way2go! eu garanto
que você vai pensar: Por que nunca fiquei em Hostel antes? Pousada e hotel,
nunca mais!
Super sugestivo, não é?