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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Perto do coração selvagem.





"Ler Clarice é quase um desafogamento. É perder o ar para saber como é respirar." Gabriella Lima

Ontem tivemos o encontro do clube do livro Café aux lettres, no Pier da Asa Norte, onde discutimos sobre o primeiro livro de Clarice Lispector.
Tive a responsabilidade e o privilégio de apresentar a obra e não imaginei que fosse ficar tão bom. Tenho problemas para falar em público desde o primário, é uma luta diária tentar superar esse trauma, mas acredito que o local com a luz baixa e as estrelas me guiando ajudou para que tudo saísse nos conformes.
Poder ver as companheiras na mesma vibe, interagindo com cada palavra de Clarice foi mágico. Costumo dizer que ler os textos dela é para poucos, e entendê-los é para menos pessoas ainda.
Mesmo enfrentando os maus olhados da época, Clarice deixou legados e legião de fãs. 
Muitas pessoas não gostam ou não entendem suas histórias por não terem exatamente um cenário, um enredo, cenas de ação ou capítulos sequenciais. Mas para a autora o importante era expor o que se passava na mente dos personagens. O seu ideal era pensar sobre tudo, mas um tudo simples, até mesmo a vida das baratas, ratos ou galinhas. 
Da mente muito inquieta e veloz, Lispector te mostra o que você está vendo sem ver, faz você sentir, refletir, até mesmo rir. Textos com linguagem metafórica,prosa intimista e com bastante fluxo de consciência, ela traz um novo estilo literário para o Brasil.
Lê-la é se aventurar dentro de nós mesmos, porque o seu olhar é o meu, é o seu, é o olhar do mundo. É estar perto de corações selvagens, independentes, prontos para darem um próximo passo.
Você é ou não é? Você está!

Aproveito para deixar uma sugestão de leitura. 
É um diálogo que fiz em 2008 inspirado em sua obra chamado: Conversando com Joana, de Clarice Lispector.

Bom final de semana pessoal!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Morrer e renascer.

Phoenix

Aos poucos habituou-se ao novo estado, acostumou-se a respirar, a viver. Aos poucos foi envelhecendo dentro de si, abriu os olhos e novamente era uma estátua, não mais plástica, porém definida. Bem longe renascia a inquietação. À noite, entre os lençóis, um movimento qualquer ou um pensamento inesperado acordava-a para si mesma. Levemente surpreendida dilatava os olhos, percebia seu corpo mergulhado na confortável felicidade. Não sofria, mas onde estava?

Trecho de Perto do coração selvagem. 

sábado, 28 de setembro de 2013

Nonsense se faz necessário

Comecei ontem a re-estudar Clarice para a discussão no Clube do livro "Café aux lettres", que será no final de outubro sobre o livro Perto do coração selvagem. Fiquei louca quando o título que sugeri foi sorteado, e de presente, as companheiras deixaram eu ser a patrona da vez.
Costumo ser ainda mais caprichosa e atenciosa quando o autor me seduz. Clarice me ganhou até mesmo antes deu conhecer seus textos. Como muitos de meus pensamentos são "nonsense", decifrar a autora para mim é prazerosíssimo e divertido. Rio muito com suas palavras.
Comentei com uma membra do grupo que antes do Clube se concretizar, eu queria mesmo era fazer um Clube de leitura da Clarice Lispector. Ponto. Mas aonde eu encontraria só amantes dela? 
Lendo o livro La cantatrice chauve de Eugène Ionesco na oficina de teatro do curso de francês, a gente se depara com os textos de Teatro Absurdo. Até então, você pensa naquele monte de palavras sem noção, desconexa, e inútil, mas como disse André Le Gall, biógrafo de Eugène Ionesco, "Não é porque não compreendemos uma coisa que ela é absurda".
As notas de nonsense, quando sustentadas ao longo de muitas páginas nos livros de Clarice, têm um efeito inquietante, hipnótico, porém é uma parte que existe dentro da gente que nós ignoramos, mas ela sempre esteve lá.
Nonsense se faz necessário.
Ler Clarice é dar importância às coisas que a gente deixa passar só porque achamos insignificantes.
Portanto, companheiras do Clube, e amantes de C.L, a dica que deixo para lê-la é: Leia!
Deixe ela entrar.
C'est tout.

Beijo no coração e bom sábado.