quarta-feira, 25 de julho de 2018

Dormindo bem e reto, obrigada.



Dormindo bem e reto, obrigada.
Uma crônica por Gabriella Gilmore

Texto dedicado à Waleska Zibetti e Suzana Barbi.

Havia uma semana que Clarissa estava tendo ataques agudos de gastrite. O clima em seu trabalho estava pesado; ameaça de contenção de despesas e muito trabalho acumulado.
A vida pessoal também estava um caos.
A ex-noiva de seu esposo havia voltado da Europa cheia de transtornos emocionais e parecia querer descontar no feliz recém-casado.
As ligações a cobrar e constantes ameaças deixou a família Medeiros no alerta.
“Desse jeito vou ter um câncer de estômago e ninguém mais vai me suportar, afinal, você fica com um tremendo mau hálito. Isso para não falar que você fica literalmente podre por dentro”.
“Mas isso é coisa da sua cabeça, amor”.  Dizia o maridão.
Ela odiava ouvir isso, por mais louca que ela parecia ser. Afinal, só a mesma poderia admitir isso.
“Vou começar a tomar os calmantes de novo. Não quero ter ataques de pânicos não. É horrível”. Pensou.
Em um daqueles dias, ela foi à farmácia de um conhecido para solicitar o bendito.
“Olha lá o quanto você vai tomar, hein dona Clarissa?” Advertiu o amigo farmacêutico. “E não abuse!”
Ela deu de ombros e saiu.
Chegando em casa, abriu a geladeira para pegar um copo de leite para tomar duas pílulas.
“Se Deus quiser vou dormir bem e reto”. Pensou.
De 4 em 4 horas ela tomava mais duas pílulas.
No trabalho, ela percebeu que estava desligada demais e não demonstrava emoções. Logo os colegas perceberam algo e vieram conversar com ela.
“Eu queria mesmo era fazer terapia do sono”. Murmurou com sua colega.
Esta riu.
Faltando alguns minutos para sair do trabalho, pensou em tomar uma dosagem maior para apagar.
“Nem vou à Yoga amanhã cedo”. Pensou. “Vou me dar este luxo de dormir feito morta”.
Foi dito e feito.
Acordou as 10:30 da manhã e percebeu que nada mudara.
“Eu preciso mesmo é de uma limpeza profunda, isso sim”. Cochichou para o além.
Clarissa escovou os dentes, desceu para comer uma torrada com queijo magro e café, e logo após o desjejum animou em arrumar seu quarto.
Quando tirou todas as coisas de cima da cama ela viu uma enorme formiga. Ali, ela reparou que havia dias que seu quarto estava infestado delas.
“Donde elas estão vindo? Eu nunca as encontro”.
Do nada ela resolveu tirar o colchão do lugar quando viu um ninho de formigas pretas, gordas e gigantes, quase ao lado do suposto lugar onde ficava seu travesseiro.
“Não acredito que venho dormindo em cima do ninho delas, e essas trabalhadoras nem se quer me atacaram. Devo mesmo estar podre. Nem os insetos me comeriam depois de morta.”
Ali, ela percebeu que se não fosse o remédio, ela estaria aos prantos e rindo ao mesmo tempo.
Oh vida louca!

Instagram: @gabygilmoreofficial

Twitter: @gabriellaclima

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