Uma crônica por Gabriella Gilmore
Ele apareceu na minha vida feito
anjo com toda sua doçura cativante.
Parecia até que já me
conhecia, e sabia sobre minhas tendências em me apegar por pessoas quebradas
emocionalmente para poder cuidar e depois no futuro dar a elas a alta devida.
Persuadiu-me com sua suposta
fragilidade e carência, vítima de um lar sem afeto.
Seus medos, suas inseguranças,
suas dúvidas, pensei que o tempo o ajudaria a superá-las.
Ele não foi um bom aluno.
Ele foi um bom professor.
Ensinou-me a identificar o
relacionamento doentio que ele tinha com sua mãe.
Eu não tive maturidade para
curar este “paciente”.
Tive medo a cada crise
neurótica que ele tinha.
Tive medo a cada projeção
maquiavélica que ele jogava sobre mim.
Acabei voltando para o calabouço
sombrio da minha mente que consistia em ter pânico em situações de estresse.
Passei a viver perseguida por causa de suas fantasias e seu poder de
manipulação.
Vivi com um anjo caído que me
seduziu, me diminuiu, que deu a volta por cima só para continuar no pedestal,
onde Jocasta sorria de leve reafirmando o poder sobre seu narciso.
Os narcisistas são os piores, enxergam tanto a si próprio que acabam esquecendo da responsabilidade que eles possuem com os demais. Digo responsabilidade porque somos responsáveis quando cativamos, propositalmente, alguém. Mas, narcisistas são egoístas, pensam só em si próprio e se engrandecem ao perceber que são importantes pra alguém. Mas, cá pra nós, triste vida leva esse narcisista que enxerga só a si e não percebe quão maravilhosas podem ser as outras pessoas. Bela crônica, minha doce Gabi, como sempre!
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