quinta-feira, 12 de março de 2009

MALDITA LEI DE MURPHY

Crônica também postada no recanto das letras:
http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/1483317




Maldita lei de Murphy


Na quinta à noite, Jucimara dormira pensando no dia seguinte, já que ela iria perder sua hora de almoço para resolver o pepino do cartão de crédito que não havia chegado.
Tranqüila em seu trabalho, ainda executando suas tarefas matinais, chega seu patrão todo apavorado falando que ele havia esquecido de juntar as contas do mês para efetuar os pagamentos.
- Ixi Jucimara, você vai ter que perder seu horário de almoço porque tem essas contas pra acertar e um depósito para fazer.
- Ah tudo bem!
- Se a Clara estivesse aqui você poderia ir depois do seu almoço, mas hoje não posso ficar aqui para te aguardar porque estou resolvendo umas coisas no escritório do Valter.
Tranqüila sobre aquele contratempo e já imaginando que iria ter que adiar suas coisas pessoais para próxima semana, ela sai tranqüila para revolver as coisas do chefe, afinal, não era todo dia que acontecia aquilo.
Precisava passar antes de tudo na contabilidade, para calcularem os acréscimos do FGTS, pois estava atrasado. Chegando lá, ela viu que estavam para o horário de almoço. Maravilha! Comecei bem. Pensou consigo.
Continuou a jornada para o banco onde iria sacar o cheque para assim pagar as contas.
Ai que beleza! A fila está pequena. Disse pra si mesma.
Bem, pequena em vista das 40 pessoas que ela estava acostumada em ver na sua frente.
Chegando a sua vez, ela simpática cumprimenta a atendente e passa o cheque.
- Mas há uma rasura aqui.
- Mas é só um borrisquinho bobo na data moça.
- Infelizmente não posso aceitar porque isso geraria complicações no futuro.
- Ma ma massss moçaaaaaa. Peraí que vou ligar pro meu chef.
Jucimara ligou e Sr Satto iria mandar o office boy trazer outro cheque.
- Eu posso furar a fila quando o rapaz trouxer o cheque corrigido?
- Olha, se a fila não estiver muito cheia posso ver isso pra senhora.
Murmurou um [Senhora o cacete] e desceu para aguardar o rapaz que por ventura demorou meia hora.
Subiu esbaforida e por sorte só havia uma pessoa a sua frente.
Resolveu seu problema numero um, depois iria a outro banco fazer o depósito.
Chegou cruzando os dedos para que não houvesse fila, mas nem adiantou.
- Prontinho, seu depósito foi feito. Disse o rapaz do caixa.
- Gente, devia existir um caixa só de depósito p*** que p****. Fiquei aqui esse tempão para algo tão besta.. Ahhh que coisa. OBRIGADA assim mesmo.
Saiu correndo para enfrentar outra filinha básica, o da lotérica.
Daria tudo por um pedaço desse picolé. Pensou olhando a criancinha no colo da senhora, que também aguardava na fila.
Sabe de uma coisa? Ela se perguntou. Quando eu sair daqui, por desaforo vou ir ao Bank para resolver MEU problema, que se dane o chefe esperando.
Saindo da lotérica, acaba torcendo o pé esquerdo por conta da pressa e do tamanco que usava, afinal, não sabia que faria essa maratona infernal de bancos.

Mas que &*$#@ mêo, já to começando a acreditar na tal lei de Murphy. Dessa vez seu murmúrio foi audível. Desculpou-se com quem passava e seguiu viagem para o Bank.
Teve que pegar uma senha ridícula para falar com o gerente de desbloqueio de cartões. Chegando sua vez, o rapaz falou que ela teria que ir ao caixa para buscar o cartão, pois estava lá. ( O correio havia passado em sua residência três vezes mas não havia ninguém).
Jucimara, coitada, já não agüentava mais esperar, ainda mais com o pé torcido.
“Olha! Uma vaga no banco de idoso! Vou sentar lá enquanto não chega ninguém.” Pensou enquanto já se caminhava para tomar posse do lugar, mas um velhinho chegou antes.
Palhaçada. Falou nervosa em seu íntimo.
Voltou pra fila e foi falar mal do atendimento do banco.
Viu um oficial da polícia furando fila.
- Mas genteeeee que absurdo!!! Viu só aquilo?
- Ele já estava na fila. Falou uma moça que estava perto.
- Eu sei, mas ainda faltavam umas sete pessoas. Mêo, vou descer para sentar lá embaixo porque não agüento mais de dor. Você segura meu lugar?
- Claro, vai lá! Respondeu a moça gentilmente.
Oh belezinha! Por que não existem bancos lá também? Que coisa!!!
Ansiosa com medo de perder a vaga lá em cima, ela acaba voltando.
Nisso o oficial veio falando com umas pessoas que estavam na fila:
- Gente, não furei a fila porque estou fardado não. Já havia 25 minutos que eu aguardava para ser atendido e fui lá atrás dos meus direitos... Vocês devem saber da lei e podem recorrer a ela sim viu? E DEVEM.
- AHAMMMMM. Cochichou um.
- Mas se todos resolverem RE-COR-RER dos direitos isso vira baderna. Retrucou um jovem.
Jucimara calada e só ouvindo, preferiu engolir o que estava pensando para não render assunto, afinal, só faltavam quatro pessoas em sua frente.
Quando chegou a sua vez, a coisa foi tão rápida que ela teve que brigar com o atendente.
- Olha, sei que você não irá fazer nada sobre isso que vou falar, mas francamente, seria muuuuito simples se tivesse uma fila, uma mísera fila, tipo esses caixas rápida, saca? Porque gastei nada mais nada menos do que duas terríveis horas para ficar apenas dois minutos olhando você pegando o cartão que devia ter sido entregue na minha casa.
- Mas senhora...
Interrompido, Jucimara continua seu sermão.
- Senhora está no céu. E eu sei que o correio esteve em minha residência, mas estou jogando pra fora as dores do pé e a fúria de outras pessoas que também concordam comigo sobre um caixa rápido. Alias, tem muita gente precisando de emprego, não acha? Enfim, muito obrigada.
E saiu aliviada do banco, porém pensativa.
Se um dia essa tal lei de Murphy me pegar, eu me mato! Imaginou-se pensando.
Afinal, eram apenas pensamentos de uma quinta à noite.

Lima_gabriella@hotmail.com

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