sexta-feira, 7 de julho de 2017

In Memoriam - Marinilso Marins




Photo tirada em Brasilia no museu nacional. (Que saudades!)


“Uma das melhores pessoas que conheci na faculdade. Era alegre, muito inteligente e organizado. Tenho certeza que era um excelente advogado e seria um exímio médico”. Hélcio, colega do curso de medicina.

"Um rapaz brilhante, educado, culto que teve uma vida sofrida, mas que estava se esforçando muito para se reerguer". Stephanie - colega do curso de Direito. .

"De coração enorme, sorriso encantador, olhar expressivo. Uma pessoa genuína, determinada com seus objetivos. Foi assim que ele me conquistou". Jefferson, amigo da família.

Não sei se tenho direito de escrever as coisas que irei falar... Contudo, eu sei que ele queria contar a sua história para todo mundo ouvir. Leiam, e vocês irão me entender.
Há alguns meses atrás, Marinilso esteve lá em casa para dizer que estaria ausente por alguns meses. Ele iria se tratar do vício das drogas. Obviamente foi um choque para mim porque em 10 anos de amizade, eu NUNCA, nunca imaginei que ele fosse usuário de drogas. NUN-CA. Não ele. Ele pediu para eu me sentar. Nós estávamos no meu quarto, dai eu me sentei e ele me perguntou: Lembra daquela minha Biografia que eu te falei no final do ano passado que eu queria que você escrevesse para mim? Eu respondi: sim, mas você quer mesmo que eu escreva? Príncipe, (falei com aquela vozinha infantil que eu imito às vezes) eu nunca escrevi uma Biografia antes, e você nem é tão famoso assim. Comecei a rir e dei um tapinha nele.

Bom, voltando ainda mais lá atrás, eu conheci o Marinilso na Nova Acrópole em 2006/2007.
A Banda Dionísios, no qual eu estava vocalista na época, estava se apresentando nesse dia, lá mesmo no terraço da escola, dai ele havia terminado sua aula, e foi checar o evento do dia. Lembro que ele ficava me olhando, com aquele sorrisão lindo, e quando terminou a nossa apresentação, ele veio se achegar até mim. Perguntou-me se eu era a moça que tocava Evanescence, dai logo imaginei que ele já havia me visto em outro lugar. Eu disse que sim e ali ficamos amigos para sempre. É aquela coisa de alma que se conecta a outra, entende? Não demorou muito, ele saiu da N.A, porém, mesmo assim a gente ainda se falava e se via quando tínhamos oportunidade. Eu trabalhava fora e ele vivia estudando, então a gente não se via todos os dias, mas a cada encontro parecia que o último foi ontem.
Ele era aquele tipo de amigo que você senta pra filosofar, para planejar a vida no futuro, praticar o inglês ou pedir conselhos na área de Direito. Era um menino a frente de seu tempo, e eu tenho certeza de que esse mundo de agora não estava preparado para ele. Marinilso era o cara! Eu era doida por ele.
Mas sempre me perguntava por que um menino tão lindo, tão culto e agradável vivia solteiro?
Marinilso era aquele tipo de cara que procurava respostas para suas infinitas indagações.
Sempre tive medo de ser invasiva e perguntar sobre as coisas que o seu coração escondia, ainda mais eu sabendo que ele era diferente. Contudo, eu imaginava o conflito interno que esse rapaz tinha e que de certa forma o fazia se afastar de casa, ou até mesmo de se abrir para as pessoas.
Ele chegou a frequentar a Gnosis, sempre buscando uma iluminação. Ele era bem místico. Adorava tirar os sapatos quando entrava na casa da gente pra sentir o chão e se conectar com a casa, e com a energia que aquele ambiente passava. Sem dúvida ele era um empata. E saber disso me faz um nó na cabeça, de como alguém tão inteligente, conhecedor de tantas coisas, o que realmente o levaria a fazer uso das drogas? Até comentei isso com a Amanda, uma colega da classe de Medicina. Vamos morrer sem saber...
Lembro de uma vez ele me contando como ele saiu do órgão público onde trabalhava: Gabi, só sei que estou sem cartão de crédito porque estou devendo horrores ao banco. E nessa época ele estava tentando concursos para ter um salário ainda melhor. E em uma de suas provas foi lá em Brasília, em 2012, salvo engano. Tive o privilégio de recebê-lo em casa, (eu estava morando lá nessa época) e orientá-lo a como chegar aos lugares quando ele esteve naquele final de semana para o teste.
Imagino que nessa época ele já deveria estar mais enrolado com seus conflitos internos, mas ele NUNCA, nunca deixou transparecer as suas crises emocionais. A única coisa que ele falava era: preciso estudar, não aceito trabalhar e ganhar menos de R$ 10mil reais não. Então ele literalmente vivia para os estudos. (Lembrando que a Medicina ainda não passava em sua mente).
Então, quando ele chegou para mim há uns meses atrás me dizendo do vício, a minha mente congelou.
- Gabi, é por isso que eu estou fazendo Medicina. Nem é por causa do salário não. Eu quero ajudar as pessoas com o mesmo problema que eu, entende? É por isso que eu quero te contar sobre minha vida, tenho tantas experiências pra dividir! É por isso que eu quero que você escreva minha história de superação. Eu vou sair dessa. Eu tive uma overdose uns meses atrás e eu não quero passar por isso de novo não. Eu vou me internar, eu vou melhorar, e vou quitar a dívida que tenho das drogas. Gabi,  é muito dinheiro! Mas eu vou sair dessa, e quero dividir isso com as pessoas, para que não passem pelo o que estou passando.
Eu estava chocada! Era muito para processar. Eu não conseguia ligar essa notícia ao Marinilso que eu vinha convivendo desde 2006.
Eu chorei um pouco e disse que estaria orando por ele para que Deus o libertasse do vício, e que eu o esperaria ansiosa para a gente começar a escrever sua história.
Algumas vezes eu mandava mensagem no celular dele, perguntando a sua tia (que estava com o aparelho) como ele estava, e eu sempre dizia que tudo iria ficar bem. Eu acreditava, entende? Ele não era qualquer um. Ele queria viver. Ele gostava de viver, de se conectar com as pessoas.
Quando ele voltou da clínica, foi tudo muito rápido. Ele logo começou a trabalhar de garçon e voltou para a faculdade de Medicina. Ele estava bem. Eu fui até jantar lá no seu serviço para poder vê-lo, e ele dizia que ia arrumar um tempo para ir lá em casa me visitar e devolver o livro que ele havia pegado comigo. E na semana da sua morte, na segunda-feira, ele me mandou mensagem dizendo que iria finalmente lá em casa para levar o livro e para nós conversarmos um pouco, mas ficou só na promessa...
Eu recebi a notícia por uma amiga em comum que está fora de GV. Era quase noite de sábado. Meu Deus, eu chorei tanto, e me escondia dentro do quarto para ninguém querer xeretar o motivo dele ter morrido. Sabe como é né? As pessoas tem preconceito, e logo julgam, antes de saber o motivo que levou a pessoa a estar naquela condição. Assim como foi a notícia no G1, depreciativa, que o descreveu como um usuário qualquer, como se fosse um bandido drogado. Fiquei furiosa, para variar.
Quanto vale uma vida? Quanto vale a sua vida?
Se eu pudesse, dessa vez eu seria bem invasiva, e ia fazer todas as perguntas do mundo a ele, para tentar entender o motivo que levou o meu tão querido amigo a tomar o caminho das drogas.
Seria a opção sexual e a luta interna em esconder ou não se aceitar? Seria a vergonha da sociedade? E as drogas? Em quê que ela iria ajudar??
Agora eu nunca irei saber...
Príncipe, sozinha eu não posso escrever sua Biografia. Por que você tinha de ir tão rápido?
É só eu pensar no seu sorrisão... que eu choro, choro muito.
Não estou fazendo apologia à homossexualidade, como muitos sabem eu sou cristã, mas eu espero mesmo que o mundo repense os preconceitos, porque mesmo eu pegando por base a explicação da minha religião sobre o assunto, eu sendo também uma pessoa pecadora, não posso menosprezar ninguém. Porque não é isso o que Jesus ensina. Porque em toda a Palavra de Deus é pregado o amor e a salvação em Cristo em Jesus. E como eu não salvo ninguém, eu não posso de maneira alguma condenar as pessoas. Esse não é meu papel. O meu papel como serva de Deus é levar a palavra de esperança sobre as boas novas.  Creia no Senhor Jesus como seu salvador e libertador e tenha uma vida plena e saudável. Se você que está ai, lendo esta mensagem, se você se identifica quanto às pessoas que condenam, hey! Olhe para o alto! Somos tão pecadores como qualquer outro ser humano. Aprenda a amar, aprenda a respeitar. E se você, por outro lado está sofrendo bullying, hey! Olhe também para o alto! Converse com Deus. Se abra. Eu tenho certeza de que os planos de Deus para cada um de nós é a felicidade em abundancia. Não deixa que o inimigo da sua alma te confunda, e te tire do projeto arquitetado desde a eternidade para a sua vida, e tudo que é pensado por Deus, pode ter certeza, é sempre perfeito e o melhor para cada um de nós.

"De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:16-17)

"Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores". Romanos 5:8

Que Deus conforte o coração dos familiares e que esta mensagem sirva de lição para todos nós!

Que a graça do Senhor Jesus esteja conosco hoje e sempre.




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