por Gabriella Gilmore
Nele, descia o motorista juntamente com o chapa, que carregava duas caixas empilhadas uma na outra.
- Entrega para Victória Duarte. Por acaso é a senhora?
Por coincidência, era eu mesma.
Pedi por gentileza que descarregassem no hall perto do elevador.
Ali, o rapaz levava as duas caixas, e dizia que voltaria para buscar mais.
No final da entrega, eu tinha no chão do meu hall, 16 caixas encapadas de forma personalizada, linda, delicada. E em todas elas estavam escritos Anna e Victoria com vários corações em algumas das caixas.
Quando percebi isso, meu coração disparou. “Anna!” Pensei.
Antes de entender o que estava acontecendo, abri uma das caixas, e dentro havia todas as minhas cartas que ao longo desses anos eu enviei a ela e que nunca obtive respostas.
Em 16 caixas, havia milhares de correspondências minhas. Textos, músicas, cartas, crônicas, pedidos de socorro, declarações de amor.
Do lado de fora de alguma daquelas caixas havia um envelope.
Dentro deste envelope, havia uma carta para mim.
“ Vic, entenda estas encomendas como prova do meu amor por você. Posso não ter respondido nenhuma dessas cartas, mas sempre as guardei com muito carinho, tanto que as guardava em caixas personalizadas, onde Anna e Victória eram o único sentimento verdadeiro que eu cultivava e que me mantiam de pé. E te devolve-las agora é a prova de que meu amor foi recíproco, pois as li e as guardei comigo, e quero aproveitar para comunicar que estou de volta e anseio por uma carta sua, para que eu finalmente possa voltar a me comunicar com você.” Sua, Anna.
Levantei o rosto, tentei refletir, e acordei do sonho.