domingo, 14 de outubro de 2018

O que te prende nos anos 90?

Por Gabriella Gilmore

Alguns dizem que não pulamos fases.
Às vezes acontece da ordem delas aparecerem embaralhadas.
Adolescentes que vivem focado feito adulto.
Adultos que voltam a agir inconsequentemente como adolescente.
Mas saltar uma fase? Hum... É difícil disso acontecer. Uma hora ela te pega.
Eu vivi meus “anos 90” na década de 2000, numa forma de retardamento, digamos assim. Foi um tempo em que eu realmente comecei a aprender com os meus erros. Erros que eu tinha receio de fazer porque sempre fui a amiga exemplo, a filha perfeita, e eu tinha um comportamento a zelar.
Essa foi uma época em que eu dei de cara com a arte que estava latente dentro do meu ser há anos. Minhas músicas. Minha literatura. Meus perfis. Meus pensamentos...
 Foi quando eu aprendi que o amor machuca. Ou seria a paixão?
A fumaça podia correr dentro de minhas veias e me transportar para o mundo das nuvens.
Descobri que o álcool nos ajuda a mostrar o que realmente somos. E eu sou muito chorona e dorminhoca. Qual é o meu problema? E foi com as diversas terríveis ressacas que me fez largar daquela “vida selvagem” e a passar a valorizar mais a “sanidade mental”.
Nos meus anos 90 que foi na década de 2000, eu vi a escuridão da minha alma trancada dentro de Nárnia que era a minha mente. Descobri que nunca estive sozinha.
Foi a década em que mais tive energia. Eu podia fazer inúmeras coisas e me sentir invencível. Eu podia comer e beber tudo sem passar mal. Eu virava noites sem que isso fosse incômodo para meu cérebro. As músicas eram excitantes, inesquecíveis, e marcava cada momento da minha vida como se fossem cenas empolgantes dos filmes americanos.
Foi o período em que a estrela dentro de mim finalmente brilhou. Eu me sentia iluminada dentro daquele mar de trevas. Era como se eu realmente tivesse algum poder. Super poderes!
Hoje, quando minha vida está sem graça, minha mente me transporta automaticamente para aquele tempo em que eu mais me senti alguém. E vagueio naquela imortalidade do passado na chance de resgatar um pouco da vida que deixei naquela época, e assim eu flutuo entre aquele mundo e o mundo de agora, alimentando minhas infinitas nostalgias.
O que me prende nos anos 90? Bom, acho que são aquelas lembranças de uma era que não volta mais.

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