segunda-feira, 1 de julho de 2013

Brasília, sua linda!



Uma vez li um texto de Clarice falando sobre a capital. Eu ainda morava nas Minas Gerais, e só conhecia BSB pela TV e por um breve momento que estive aqui em 2001, ainda adolescente.
Fiquei tentadíssima para escrever uma crônica falando do que tenho achado desta cidade tão excêntrica e tão única.

Brasília é uma cidade para se conhecer em um passeio turístico e com um guia que saiba com detalhes cada monumento que ela possui. Nem mesmo os nascidos ou criados aqui sabem o tesouro cultural e de inteligência que ela tem. Depois disso, tire mais ou menos um mês de férias para você continuar a entender suas quadras, superquadras, tesourinhas e vias de acesso como W3 sul/norte, L2 sul/norte. Quem? Pois é.
Nos primeiros meses eu fiquei de cabeça doendo.
O clima seco, juntamente com suas ruas sem nome incrivelmente iguais uma das outras, me deixavam louca. Depois fui percebendo que esta culta cidade é lógica matemática pura. Me apaixonei.
Em seis meses eu já conseguia me deslocar aqui com mais facilidade e até comecei a sentir saudade de como é se perder.
Uma vez, tive crise de pânico dentro de casa no Cruzeiro. Precisei sair para a rua para descarregar a explosão de energia que brotava de dentro de mim. Peguei Matilda (minha Caloi) e fui correr dentro do bairro. Em uma hora eu rodei três bairros.
Não me perdi.
As quadras por terem sequência numérica facilita a vida dos brasilienses/candangos/aventureiros.
A única coisa que me faz perder por aqui é o seu céu.
Quase sempre limpo e muito azul, você consegue nadar nele sem ficar com os olhos vermelhos e de cabelo duro.
O nascer do sol é estupendo. O céu começa num laranja clarinho até ficar azul bebê. A grama verde que tem por toda a cidade, monta perfeitamente a bandeira do Brasil.
Para quem nunca viu um céu rosa ou lilás escondido no rosa, pode esperar o por do sol para você entender o que estou falando. Não. Eu não uso drogas.
Na noite, você estica as mãos e rouba uma estrela. E a lua com sua sedução toda te engole num piscar.
Cidade da natureza.
Às vezes acho que há uma cidade dentro de um parque, e não ao contrário.
Comecei a fazer coleção de árvores aqui. São tantas, tantas! Nunca consegui fotografar todas, e nem vou.
Brasília é tão astuta que às vezes fico com vergonha de mim.
Eu ando em algum lugar e me deparo com um concreto aparentemente sem explicação, mas sei que se eu tivesse escutado melhor o guia turístico lá no início desse texto, eu entenderia. Porém acho que o mistério dessa cidade está nisso, em te deixar absorta.
BSB tem uma coisa de que não acho graça. O povo e a comida.
“Ow, me vê um prato típico de Brasília?” Ixxi, não tem. “Qual é o sotaque do brasiliense/candango?” Abafa que também não tem.
Aqui você vê muito nordestino, goiano, mineiro, e outros. Brasiliense que é bão, nada.
Você só consegue ter contato com eles no trabalho. Fora isso todo mundo some. Nunca consegui pegar uma caneca de açúcar com minha vizinha do prédio. Será que vive alguém ali mesmo?
As pessoas aqui devem ter medo de gente. Só pode.
Entretanto Brasília é moderna e ousada, apesar de ter essa população fechada e individualista. É quadrada, às vezes oval, de concreto e cimentada. É Nova Orleans, Paris e Saturno. É um museu de arte contemporânea em área aberta. É logica, e nos ensina a caminhar um pouquinho, justificando aqui seus “quarteirões” enormes e distantes um dos outros. Foi inspiração de vários artistas e ainda tem mexido com muita gente, perpetuando-se. É Brasília, sua irreverente! Sua linda!!!

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