segunda-feira, 27 de outubro de 2008

NÃO ERA INSÔNIA


Amélia teve mais uma daquelas antiga e infernal noite. Já não se sabe se foi o calor do dia que chegou a 38°, se foi a sua soneca na parte da tarde, onde seu corpo morto se recusava a se levantar com as três horas de sesta ou se foi o abuso da cola e mais tarde uma copada de chá verde para desencargo de consciência devido ao seu domingo de gula.
Deitou cedo pois tem feito caminhadas as seis horas da manhã. Antes, ela tomou uma ducha fria, acendeu um insenso e foi remover a maquiagem do rosto e fazer aquela limpeza noturna como de costume. Parecia ate um ritual, pois ela repete sempre os mesmos passos: remove a maquiagem, tonifica a pele, passa o creme e por último o colágeno elastina ao redor dos olhos.
Com o ventilador no máximo, janelas e portas abertas foi se deitar. Seu corpo automaticamente se ajustava à posição reta daquele colchão ortopédico. “Esvaziar a mente, esvaziar a mente.” Repetia ela no seu íntimo. Rolava pra lá e pra cá e seus pensamentos ainda acesos gritavam e cada vez mais alto.
Ficou surda.
“Limpando a mente, respirando devagar e profundamente. Sinta o pulsar do coração. Acompanha o ritmo. Desacelere-o.” pensava calmamente tentando controlar a ansiedade com os passos que aprendeu com as aulas de Nei King.
Adormeceu.
Nunca se sabe como e por que, mas ela despertou no meio da noite assustada. Tentou lembrar se estava sonhando com algo, mas se certificou que não. Sua cabeça estava a mil. Bateu um medo em seu coração, ela levantou e fechou a porta. “Vai começar tudo de novo.” Pensou.
Ao mesmo tempo em que ela havia perdido o sono, ela estava sonsa e cansada, que pensou em olhar as horas e nem isso o fez. Lembrou que não havia feito sua oração noturna.
Desmaiou.
“I know a girl who's obsessed with a guy, she talks for hours and still tomorrow…” Seu despertador tocando.
Acordou feliz, viva e louca para correr.

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