Crônica de Waleska Zibetti
Fui presenteada com este texto cheio de humor e verdades.
O Segredo
de Gabi
Gabi é uma mulher
comum que mora numa cidade comum rodeada por gente comum. E todo quando vai para o trabalho ela se
pergunta intimamente sobre coisas cotidianas. Gabi é dessas pessoas que pensam
demais.
__ Não entendo o porquê... Preciso entender! Só quando eu entender... – E lá vai Gabi rua afora se perguntando, investigando-se sempre introspectiva. Se eu pudesse eu gritaria “Olha para fora Gabi!” e quem sabe ela descobriria que nem tudo tem um porque explicável. Queria que ela entendesse que alguns porquês só existem no plano sensorial. Contudo, penso que ela não me ouviria. Gabi é pensamento.
__ Não entendo o porquê... Preciso entender! Só quando eu entender... – E lá vai Gabi rua afora se perguntando, investigando-se sempre introspectiva. Se eu pudesse eu gritaria “Olha para fora Gabi!” e quem sabe ela descobriria que nem tudo tem um porque explicável. Queria que ela entendesse que alguns porquês só existem no plano sensorial. Contudo, penso que ela não me ouviria. Gabi é pensamento.
Gabi é uma mulher
comum com amigos comuns que também gostam de pensar. E eles pensam como Gabi,
em Gabi, sobre Gabi... E todos gostam dela com seu jeito de rotular as coisas
como “Chique”, “Rica”, “Milionária”. Mas não são valores financeiros, são
valores comportamentais. Se você adiciona muito ou pouco ao seu pensar, ela o
classifica na sua hierarquia de poder. Coisas de Gabi!
Mas Gabi, quem diria,
tem um segredo. Uma mania que começou pequenina entre seus bichinhos de pelúcia
e que foi crescendo na mesma proporção que ela. E hoje Gabi é grande. Gente
grande com um segredo grande quanto ela. E em pensamentos ela se preocupa se
alguém um dia descobrirá seu segredo que ela guarda no canto mais escondido de
ser armário. Atrás de uma porta de madeira trabalhada com desenhos de bruxas e
fadas.
Todo dia ela chega a
casa e vai para o fundo do armário. Senta-se no chão puxa a porta de um porão e
confere seu segredo não fora descoberto. Se ninguém violou seus baús de
relíquias. Aliviada ela tranca tudo e segue o resto da noite em seus
pensamentos até adormecer ou amanhecer. O que vier primeiro.
Mas teve um dia que
algo não fugiu da rotina e...
Gabi estava no chão do armário conferindo seu segredo quando alguém tocou a
porta. Ninguém toca a porta sem ser convidado. E ela assustada esqueceu a porta
do porão aberto. Era o Alberto.
O Alberto é um cara comum que Gabi amava.
Gente típica do cenário de Gabi. Quis fazer uma surpresa e chegou assim de
supetão. Ele sorriu para uma Gabi afoita diferente da Gabi alinhada que
conhecia dos encontros na faculdade e nos barzinhos da sua cidade. Ela suada e
parecia muito ansiosa e assustada. “Estava com saudades”, ele disse. “Entra!”,
ela disse com voz trêmula.
A porta fechou-se atrás de Gabi. E ouviu-se um barulho surdo no corredor.
Gemidos abafados na sala. Silêncio no quarto. E era noite já.
Gabi é uma mulher
comum que mora numa cidade comum rodeada por gente comum. Gabi é uma mulher
comum com um segredo guardado num porão no fundo armário. E todo dia ela se
questiona intimamente sobre o cotidiano e verifica se seu segredo continua
guardado. Naquele dia não foi diferente quando ela chegou a sua casa. E de frente
para a caixa, ela beijou a boca de um Alberto morto. Gabi além de pensar muito, também ama demais. E
ama tanto que por amor morre e ama tanto que quando ama, mata.
♥ Escrever para ti, foi um dos maiores prazeres que já tive. Te curto muito! ♥
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