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sábado, 7 de fevereiro de 2009
CRÔNICA por Gabriella Lima
MARIETA E GÊMEOS (?)
Há quem não goste de melação ou aquele velho ditado: “Te ganhei por insistência”, e se sentem piedosos quando o outro lá, não para de apelar.
Enfim, Marieta é dessas mulheres que já viveu grandes, pequenos, imaginários amores, e hoje se encontra, digamos assim, fria e cética, mesmo sabendo que não pode se fechar totalmente, afinal, nem todo homem é igual. Mas será mesmo?
“Mas o puto do geminiano é”. Comenta ela com um ar distante, numa busca que nem ela mesma sabia para onde e para quê, no verão de 1971.
Porém, meus queridos leitores, não fiquem bravos com Marieta, e nem pelo fato dela estar tacando pedra em alguém do signo de gêmeos, afinal, ela tem lá suas razoes.
Sua mãe era de gêmeos. Senhora inteligente, romântica, mas de um temperamento inconstante. Quando mais jovem, era curiosa, irriquieta e uma leitora voraz de livros, mas quando foi chegando certa idade, ela conseguiu matar todo seu conhecimento “filosófico” e os atributos positivos de seu signo, ficando assim só com a pior parte.
Não quero expor mais a dona Chiquinha, mas os amigos da família Ventura sabem que não estou mentindo.
Enfim, para encurtar esta prosa, Mari (vamos chama-la pelo apelido pois ela acha mais bonito), se descobre extremamente apaixonada por seu professor de filosofia, 20 anos mais velho, interessantíssimo, agradável, carinhoso, poeta, jovial e de gêmeos.
Viveram um romance proibido por um ano. (Se descobrissem que eles mantinham caso, ele teria sido expulso da academia filosófica).
Ele nunca a prometeu nada e Mari sabia que isso não iria durar muito, mas o que ela mais odiava quando relembrava dos fatos, é que tudo começou com Xavier, com seus olhares gulosos e depois suas brincadeiras apelativas, falando que a achava interessante e que daria tudo por um beijo seu. (A ninfeta tinha apenas 16 anos). Claro que eles já tinham um certo grau de intimidade, mas nunca passou por sua cabeça, ter uma relação dessas.
Foi aí que ela começou a pensar no assunto.
O ataque final, foi quando ele indicou para que os alunos lessem uma nova obra surgida naquele tempo, chamada Lolita, de Vladimir Nabokov.
Marieta, ops, Mari, se viu em Lolita, ou pelo menos começou a se ver, e acabou cedendo as chamas que por insistência do fogo chamado Xavier, ardiam em seu peito.
Em fevereiro de 1969, deram o primeiro beijo oficial, daqueles de levantar pesinhos e tudo mais. Em abril já dorminham juntos, quando ele acabava fazendo hora extra na academia. (Isso, só uma vez na semana, por tristeza dela).
Em maio ela descobre que o sujeito ainda mantinha contatos com a ex-esposa e foi aí que nossa Lolita encarnada em Marieta Ventura, começou suas crises de depressão.
Como fugir de uma pessoa que insistiu em entrar no seu coração? A mocinha achando que não passaria de um joguete, acabou mesmo envolvida, mas já estava cansada de ter que dividir, ou fingir que nada estava acontecendo, ainda mais quando o descarado convidava a oficial para assistir uma de suas palestras. Daí era um João no meio de duas Marias desconhecidas, pelo menos para a doce Ana Cláudia.
Meus caros, tive pena de Marieta, que por ser tão madura para pouca idade, ainda tão jovem, ter passado por uma situação daquelas.
Depois ela foi entender que para gêmeos, quanto mais amigos melhor, e compromissos? Nahhh, deixa pra depois.
Por sua tristeza e também alivio, ele foi transferido para outra cidade, e mesmo de inicio ele ainda a procurando através de cartas e telefonemas, Mari preferiu esfaquear aquele sentimento, que para ela foi o mais intenso, medieval, talvez o único que a fez levantar mesmo os pés.
Nossa personagem hoje está casada, com um ser de libras. (Somente mesmo uma balança pra equilibrar nossa agitada e ansiosa ariana). É astróloga e romancista. Já publicou 4 livros pela editora Lua nova. E seu ultimo romance intitulado: “Escrito na imaginação dos XVI”, rendeu 2 prêmios de melhor conto e melhor biografia, com vendagens na França, Portugal e Espanha.
Para uma coisa aquele romance todo valeu: Seus escritos aceito no exterior, como melhor historia de toda suas obras.
Photo: Audrey Hepburn e Cary Grant
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