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SENDO BRUXA (por Isabel Vasconcellos)
Neste início do século XXI, algumas empresas, as mais modernas, começam a perceber que as mulheres têm uma contribuição diferente a dar ao mundo produtivo: elas têm intuição.
Foi só a partir da segunda metade do século XX que as mulheres começaram a invadir o mundo dos homens, começaram realmente a se interessar pelo trabalho fora do lar, pela carreira profissional. Até hoje, em quase todos os países, bem como no Brasil, elas ainda recebem salários menores do que os dos homens que ocupam a mesma função e precisam lutar três vezes mais que os seus colegas do sexo masculino para galgar posições nas empresas e nas instituições. No entanto, nos últimos anos, os executivos começaram a perceber que a famosa intuição feminina pode funcionar muito bem na hora da decisão nos negócios.
Para eles, uma grande novidade. Para elas, nada de novo.
Desde que o mundo é mundo as mulheres sabem muito bem que podem e devem confiar na sua intuição e nas suas capacidades mentais que estão além da razão.
Essas capacidades "mágicas" femininas certamente estiveram, ao longo da história da humanidade, em algum momento histórico, mais bem estruturadas, codificadas e foram certamente usadas com mais propriedade do que as usamos hoje. Mas isso se perdeu, se perdeu na própria história cristã de repressão ao sexo feminino, na dominação patriarcal e na submissão das mulheres. Sobraram apenas as lendas, falando de fadas, magas e bruxas que usavam seus poderes para o Bem ou para o Mal.
A natureza é sábia. Dotou as mulheres de percepção extra-sensorial para que elas pudessem sobreviver em tempos primitivos, quando a força física do macho era determinante para enfrentar os muitos perigos do mundo. Deu-lhes uma extrema capacidade intuitiva para que pudessem proteger melhor a sua cria, para equilibrar a força física do homem com a sua força mental.
Depois, veio a sociedade patriarcal. E, por milênios, foi incutida na cabeça feminina a sua inferioridade. O que era dom foi transformado em fraqueza. A extrema sensibilidade das mulheres, no mundo apenas racional dos homens, passou a ser vista como sinal de fraqueza, de inferioridade.
A natureza, porém, fala mais alto que os costumes sociais.
Embora recalcadas, as mágicas capacidades femininas sempre se manifestaram ao longo da história.
Agora é o momento de as mulheres assumirem de vez que têm, todas elas, uma bruxa dentro de si. Assumirem que são capazes, sim, de intuir, de prever o futuro, de moldar o destino, de modificar os acontecimentos. Como? Eu já disse: a codificação, as regras para se lidar com isso se perderam, por exemplo, nas fogueiras da Inquisição, que passou seiscentos anos queimando as mulheres sábias, que eles julgavam bruxas demoníacas. Agora é o momento de recuperar a bruxa que existe em cada uma de nós, mulheres.
Precisamos reconstruir tudo. Precisamos sistematizar nossas capacidades mentais, erroneamente chamadas de "mágicas". Precisamos ter a coragem de assumir esse lado maravilhoso da nossa alma. Precisamos tomar consciência de que realmente possuímos um dom que é privilégio do nosso sexo.
Porque as mulheres sempre ocuparam uma posição de inferioridade social, a intuição jamais foi levada a sério. Nem mesmo se pode afirmar que exista, de fato, essa coisa chamada intuição. Caladas, as mulheres viveram séculos e séculos sabendo muito bem que, embora nada científica, a intuição é uma realidade. Como ela se processa? Que mecanismos podem levar nossa cabeça a intuir alguma coisa que ainda não é, mas será? Ninguém sabe. Ainda. Isso, no entanto, não me parece motivo para negar uma realidade que simplesmente vivenciamos.
Não que os homens sejam destituídos de intuição; eles também vivenciam isso, mas não com a mesma frequência e a mesma intensidade das mulheres.
Na Idade Média, fomos bruxas. Sacerdotisas celtas, maiores autoridades em seu meio, mulheres sábias que tinham conhecimento do efeito das ervas e dominavam a arte da visão telepática. Elas eram o poder religioso acima mesmo dos druidas, os sacerdotes de sua religião.
As poderoas sacerdotisas celtas foram vendo se perder a invejável posição social que ocupavam quando o mundo delas começou a sofrer influência cristã, por intermédio dos romanos. Elas perderam. Mais tarde, na Inquisição, muitas seriam queimadas como bruxas. Mas, em algum lugar na memória das células do nosso corpo, em algum lugar no nosso inconsciente coletivo, de alguma maneira por meio da tradição contada de geração em geração, o valioso conhecimento das magas-bruxas sobrevive até hoje e está entre nós.
As mulheres européias são as filhas das bruxas antigas, e foram as européias que colonizaram as Américas. As herdeiras das bruxas, porém, são ocidentais. Não existem bruxas japonesas,exceto talvez no Brasil, modernamente. Do oriente veio também para nossa cultura muita magia. A sabedoria milenar da China, a arte do I Ching, os mantras indianos, etc., tudo isso foi se misturando no caldo cultural brasileiro. E ainda temos a sabedoria das velhas africanas, escravas, com seus ritos e suas comidas especiais, e, mais ainda, o conhecimento das velhas índias do manuseio das ervas.
No Brasil, existem muitas escolas de mistério, as famosas ordens esotéricas, isso sem contar os terreiros de umbanda, quimbanda ou candomblé, inúmeras agremiações que se reúnem em torno de alguma corrente esotérica, além das igrejas evangélicas e eletrônicas, que também praticam seus rituais de magia. E ainda existem os ciganos.
Astrólogos, bruxos, magos, pais-de-santo, pastores, cartomantes e adivinhos povoam nosso cotidiano com seus supostos poderes de manipular energias apenas intuídas ou adivinhadas. Mas não é exatamente desse tipo de magia que quero falar. Volto-me para a magia do cotidiano, a que se exerce sem maiores rituais que não o manuseio da matéria. Ou seja, coisas tipicamente femininas, como cozinhar, limpar a casa, cuidar das plantas. Quero falar da magia do pensamento, da capacidade que temos de dirigir nossos pensamentos de maneira simples e não, como mais frequentemente ocorre, nos deixarmos dirigir pelos nossos pensamentos.
Estou falando das Bruxas modernas e anônimas que, quase de maneira intuitiva, manipulam aquelas tais das supostas energiam e usam-nas em seu favor. Todas nós somos muito mais bruxas do que possamos supor. Basta aprender a usar a intuição e o pensamento e ter consciência, por exemplo, do verdadeiro ritual alquímico que é preparar um bolo.